RÁDIO

terça-feira, 7 de maio de 2013


Simplesmente MÃE!

Passos curtos e rastejantes

quebram o silêncio da noite
no imenso vazio da casa...

...e um facho de luz
da porta entreaberta
desvenda o semblante opaco,
os olhos em lágrimas de uma mulher.
Que detida em seu eu,
se esquece por um momento
da missão que dignamente cumpriu.

Mas o próprio silêncio
que lhe faz companhia,
sussurra baixinho num monólogo sem fala
fazendo-a recordar:

- Mãe...mãe...!
Você não se lembra
das vezes em que chorastes
com o olhar já sem brilho,
quando vias no filho o perigo chegar?!
Era uma tosse incessante,
ou um estado febril,
um cansaço constante ou até mesmo o frio.
Eras tão insegura na fragilidade de mãe
que o temor e a tristeza não podias conter,
pois desejavas no filho, a saúde, o sorriso
para vê-lo tranqüilo viver e crescer.

Quantas vezes o teu colo foi leito,
travesseiro o teu peito, pra quem veio de ti.
Tu cantavas cantigas e ninavas contente
pra que o ser inocente pudesse dormir!
Sacrificastes teu sono em noites perdidas,
pra o materno dever fielmente cumprir
quando a criança no berço
sem consôlo chorava
mas com a tua presença voltava a sorrir.

- Mãe... fostes protetora em noites escuras
quando em meio às agruras estavas ali.

-Agora, sentes
que o tempo tão depressa passou.
Porque as forças te faltam,
porque os ombros pesam sobre teu corpo
e teus olhos ofuscam as coisas que se vêem,

Mas nada apagará  teu brilho,
o inestimável valor de mãe.
Porque és consolo na aflição,
luz na desesperança,
força na derrota,
piedade e compaixão...

Quem perde uma mãe,
perde um peito onde reclinar a cabeça,
uma mão que guia e abençoa,
um olho que protege,
perde a luz, a direção...

Nesta introspecção
e neste doce enlevo d’alma,
o orgulho conteu suas lágrimas
e a noite tão depressa se foi.
A luz dissipou as trevas
revelando que já é dia,
o reinício da jornada
da dura vida de mãe!

Mas agora...
no peito leva a certeza,
que no coração há nobreza,
fruto de uma missão,
da missão de ser
não apenas mulher
mas sobretudo a coragem de ser
simplesmente MÃE!

Clóvis Amaral

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