Simplesmente MÃE!
Passos curtos e rastejantes
quebram o silêncio da
noite
no imenso vazio da
casa...
...e um facho de luz
da porta entreaberta
desvenda o semblante
opaco,
os olhos em lágrimas
de uma mulher.
Que detida em seu eu,
se esquece por um
momento
da missão que
dignamente cumpriu.
Mas o próprio silêncio
que lhe faz companhia,
sussurra baixinho num
monólogo sem fala
fazendo-a recordar:
- Mãe...mãe...!
Você não se lembra
das vezes em que
chorastes
com o olhar já sem
brilho,
quando vias no filho o
perigo chegar?!
Era uma tosse
incessante,
ou um estado febril,
um cansaço constante
ou até mesmo o frio.
Eras tão insegura na
fragilidade de mãe
que o temor e a
tristeza não podias conter,
pois desejavas no
filho, a saúde, o sorriso
para vê-lo tranqüilo
viver e crescer.
Quantas vezes o teu
colo foi leito,
travesseiro o teu
peito, pra quem veio de ti.
Tu cantavas cantigas e
ninavas contente
pra que o ser inocente
pudesse dormir!
Sacrificastes teu sono
em noites perdidas,
pra o materno dever
fielmente cumprir
quando a criança no
berço
sem consôlo chorava
mas com a tua presença
voltava a sorrir.
- Mãe...
fostes protetora em noites escuras
quando em meio às
agruras estavas ali.
-Agora, sentes
que o tempo tão
depressa passou.
Porque as forças te
faltam,
porque os ombros pesam
sobre teu corpo
e teus olhos ofuscam
as coisas que se vêem,
Mas nada apagará teu brilho,
o inestimável valor de
mãe.
Porque és consolo na
aflição,
luz na desesperança,
força na derrota,
piedade e compaixão...
Quem perde uma mãe,
perde um peito onde reclinar a cabeça,
uma mão que guia e abençoa,
um olho que protege,
perde a luz, a direção...
Nesta introspecção
e neste doce enlevo
d’alma,
o orgulho conteu suas
lágrimas
e a noite tão depressa
se foi.
A luz dissipou as
trevas
revelando que já é
dia,
o reinício da jornada
da dura vida de mãe!
Mas agora...
no peito leva a
certeza,
que no coração há
nobreza,
fruto de uma missão,
da missão de ser
não apenas mulher
mas sobretudo a
coragem de ser
simplesmente MÃE!
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